A capa da VISÃO desta semana é dedicada às mães. O tema gera alguma polémica e coloca frente-a-frente duas realidades bem distintas. Aquelas que cultivam o culto do corpo e para as quais olhamos, mesmo que não o assumamos, com um bocadinho de inveja. E aquelas, mais natural, que à conta das gravidezes ficam com marcas visíveis nos seus corpos.
São as estrias, são as gorduras, são as maminhas mais descaída, a barriga mais saliente. O trabalho não é meu. Apesar de agora fazer parte desta grande família que é a VISÃO, não me aventuro nestas áreas mais de sociedade.
E tenho uma opinião - jornalista tem sempre uma opinião:) Quando olhei para as fotos ainda em maquete, confesso que algumas me fizeram torcer o nariz. Muitas maminhas ao léu, muitas barrigas, estrias e celulite à mostra. O título é sugestivo: "Orgulho no corpo de mãe". Mas que orgulho? Se o orgulho é o de ter sido mãe e de aceitar as mudanças no corpo por um bem maior, sim, orgulho definitivamente. Se era preciso escolher entre uma criança saudável ou um corpo em forma, escolho a primeira, sem hesitar.
Mas concordo com as opiniões que foram surgindo durante o dia de hoje: orgulho num corpo com estrias e barriguinha saliente? Cá no meu lado não. Se puder combater essa barriguinha, evitar as estrias e tratar a celulite, faço-o. Invejo aquelas que têm uma força de vontade ou tempo ou dinheiro ou o que for para meter tudo no sítio a seguir? Invejo.
Não me posso queixar. Da primeira gravidez, o corpo foi praticamente ao lugar logo a seguir. Da segunda, já custou um pouco mais. As maminhas estão mais pequenas, a barriga mais flácida. Gostava de ter tudo definido? Gostava. Por isso, orgulho no corpo de mãe não é bem assim. Não tenho orgulho nenhum na celulite que ficou ou na barriga que exibo. Preferia não ter nem uma, nem outra. Se tenho vergonha? Também não. E tenho muito orgulho em ter optado por arriscar não ficar em forma em favor de dois filhos lindos.
Portanto: não sou fanática da forma como as mães super-fit que duas semanas depois já têm o corpo todo no sítio e que durante a gravidez não deixaram o ginásio um minuto. Mas também não me orgulho do que ficou pior. E por isso, tento combatê-lo e voltar à forma. Como em tudo na vida, não devemos é ser fundamentalistas de nada e deixar os outros, ou as outras, com as suas opções de vida.
Fica aqui a capa da Visão. Comprem, porque vale a pena.
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