Os desacatos em frente à Assembleia

Já fui acusada de fascista, de intolerante, de não reconhecer direitos aos manifestantes pacíficos e o diabo a quatro. Cheguei à conclusão que há poucos assuntos que dividam tanto um país como uma carga policial. Mas felizmente vivemos num país democrático e se os outros se podem manifestar, porque podem [desde que não coloquem em causa a integridade física de ninguém, mesmo que essas pessoas estejam fardadas], eu também POSSO elogiar a actuação dos polícias e não lamentar quem apanhou, mesmo que alguns injustamente.
Eu estive lá. Dentro da Assembleia, é certo, mas estive. Vi aqueles polícias estarem quase duas horas a levar com pedras, petardos, insultos gratuitos sem reagir. Impávidos e serenos mantiveram-se em cordão policial a defender o Parlamento. E sim, meus amigos, é preciso defender o Parlamento. Não se pode permitir que aquele Palácio que simboliza a liberdade de todos nós de vivermos em democracia, seja tomado por meia dúzia de arruaceiros. Nem é batendo em políticos que alguma coisa vai mudar. Assim como não é com atitudes daquelas que se enaltece uma greve e se dignifica uma manifestação pelos direitos do povo.
A manifestação da CGTP já tinha terminado há muito quando a carga policial avançou. Se lá estavam velhinhas e filhos de colo, como ouvi muitos dizer, então desculpem mas só podem ser ceguinhos para não ter percebido que a situação estava prestes a explodir e era evidente que ia resultar naquilo em que resultou. Se houve pais que levaram para lá os filhos então esses pais é que deviam ser presos por irresponsabilidade de não os colocarem em segurança, quando perceberam que estavam num cenário de gente louca a apedrejar polícias. E não me venham dizer que não perceberam, porque era por demais evidente...
Não estou aqui a fazer o discurso do polícia-herói, porque nestas situações há sempre excessos das duas partes. Mas não conheço país no mundo em que uma carga policial avance de forma selectiva. Seriously?!!! Alguém consegue defender essa possibilidade?
Antes de recriminarem a polícia, condenem os arruaceiros que usam as manifestações e greves legítimas para dar espectáculo e sejam os primeiros a bani-los, deixando-os isolados. Todos os manifestantes ordeiros o tivessem feito e não estaríamos a ter esta conversa.