terça-feira, 13 de setembro de 2016

Rafael: 5 anos

Nestes teus cinco anos quero escrever-te uma carta de amor. Uma carta sobre o amor gigante que tenho no coração há precisamente cinco anos. Um amor que não se explica. Um amor que dói quando se pensa que algo de mau pode acontecer. Um amor que preocupa porque sei que um dia (e já hoje) vais ganhar asas e voar para longe de mim. Um amor que preenche. Que consome. Que irrita de tão grande que é. 

Em cinco anos cresceste demasiado. Não em corpo, porque continuas o franganote que eras quando nasceste há cinco anos, cinco semanas antes de tempo e com 2400kg e 47 cm. Mas cresceste em autonomia. Em inteligência. Em rapidez de raciocínio. És um menino muito inteligente e às vezes até esperto demais para a idade. "É boa ideia, não é mãe"? Perguntas sempre orgulhoso quando tens uma ideia para resolver um problema ou para conseguires levar a tua avante. E normalmente são mesmo boas ideias. Ideias que me surpreendem de tão adultas e estruturadas são. 

Continuas a ser o mesmo tagarela. Irritantemente chato, porque não nos permites um minuto de silêncio na maior parte das vezes e és um consumidor compulsivo da nossa atenção. És uma criança super ativa. Tive medo que o tablet que pediste de presente para este aniversário te tornasse uma criança que nunca foste; agarrada a um jogo sem dar atenção ao mundo. Mas tenho para mim que não preciso de me preocupar. Tu jogas, mas não te calas um segundo e vais pedindo atenção ao que estás a fazer e camaradagem para jogarem contigo. Não és criança de brincar sozinha. E o teu melhor amigo - o avô R. - continua a ser companheiro para todo o serviço. E quando ele está não há tablet que te desvie. 

A tua relação com a mana é fantástica de ver. Gritam um com o outro. Lutam pelos brinquedos. E ela tem muito mau feitio, mesmo quando tentas ser querido com ela. Mas é tão bom ver como a proteges, como a tentas ensinar, como pensas sempre nela e nunca a excluis de nada. Queres casar com ela e não percebes por que razão te digo que um dia vais querer outra mulher (ou mulheres) na tua vida que não eu ou ela. 

Estás super responsável. Não tenho medo de te deixar sozinho a fazer a nada, porque tens imensa autonomia. És reguila, aventureiro, mas muito cumpridor das regras. E não te atiras para fora de pé. Nisso, tens algum medo, o que eu agradeço. 

Adoras ler. Livros são uma paixão. Decoras todas as histórias que te conto e queres depois ser tu a "lê-las". O ritual de um livro antes de dormir continua de pé e tu não deixas que se quebre. Adoras jogos tradicionais. Exercícios de matemática, didáticos, etc. É o Quem é Quem, são as adivinhas, são as capitais ou as palavras em inglês. Os nomes das árvores, das cores ou dos frutos. 

Futebol. O pai tem pena que não tenhas uma paixão por jogar à bola. Nota-se que não é a tua brincadeira preferida. Mas em compensação és maluco pelo teu Sporting. adoras equipar-te a rigor e ir ao estádio ver o teu clube. Cantas todas as músicas em altos berros, para meu desespero.

E assim de repente não tenho mais nada para te dizer. A não ser que te amo daqui até ao sol, como todos os dias te digo antes de dormires e me devolves no mesmo sentido:)

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