O meu pequeno herói

O pai achou engraçado pregar-lhe um susto, mas arrependeu-se. O R. tem a mania de andar a correr e brincar a fechar as portas quando é hora de deitar. Ontem, o A. resolveu assusta-lo e toca de trancar a porta do quarto conforme ele a fechou. Resultado: não conseguia destrancar a porta por mais voltas que desse à chave e Rafael e Camila fechados do lado dentro do quarto. Às tantas choravam os dois do lado de lá e nos aflitos do lado de cá. Começámos a achar que só arrombando. Pedi-lhe que se acalmasse e pegasse na mana ao colo até à janela (cheia de medo que a deixasse cair, mas não podia tê-los atrás da porta). Deixei de o ouvir chorar e nisto lá se conseguiu abrir a porta (era preciso dar duas voltas à chave, mas no pânico o A. só deu uma). Lá estava ele, encostado à janela, com a mana ao colo e um ar de assustado sem chorar. 

Tão crescido d protector. Dei-lhe tantos beijinhos e elogiei-o tanto, tanto. Portou-se como um pequeno herói.