O dia 1 de Junho já passou e como eu previa foi um dia difícil. Claro que foi. Teve momentos piores, outros melhores mas no geral custou a passar. Parecia que estávamos a viver tudo de novo. Podia ter sido mais difícil ainda? Sim, podia. O facto de estar a família toda junta ajudou muito. Nós, o meu pai, a minha irmã, as minhas tias (grandes tias!), os meus primos, os amigos... estávamos todos juntos. Neste dia tão triste para mim tinha em mente dois textos, muito diferentes, que duas amigas minhas me enviaram e que hoje partilho convosco.
Este foi-me enviado pela nossa BebéBolsão!
Obrigada querida. Obrigada.
SE ME AMAS, NÃO CHORES!
Se conhecesses o mistério
imenso
do céu onde agora vivo,
este horizonte sem fim,
esta luz que tudo reveste e penetra,
não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encontro de Deus,
na sua infindável beleza.
Permanece em mim o seu amor,
uma enorme ternura,
que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo,
pensa nesta casa onde, um dia,
estaremos reunidos para além da morte,
matando a sede na fonte inesgotável
da alegria e do amor infinito.
Não chores,
se verdadeiramente me amas!
Santo Agostinho
E este pela C., amiga da faculdade que já não vejo há algum tempo.
Obrigada C. um grande beijinho para ti!
"Quem morre não nos deixa. É levado. Não
interessa porquê ou por quem - Deus lá sabe. É por isso que a minha lembrança
dele é doce e sossegada. Não sabia que ia ser assim. Pensei que ia sofrer a
vida inteira. E enganei-me, claro.
Só morre quem é esquecido. De resto, embora não
viva - odeio a mania de dizer que os mortos continuam vivos - continua perto de
nós, às vezes de forma mais patente do que quando estava vivo. Não se trata de
pensar o que ele diria ou faria nas circunstâncias que se vão apresentando.
Trata-se de senti-lo na alma, como se ela, depois de viver sempre sozinha,
começasse a ser partilhada com ele.
O meu pai vive a meias comigo na minha alma. Não
gosta lá muito do alojamento - resmunga e protesta como quando estava em casa
-, mas é lá que vive. Faz-me sentir menos sozinho que antes. Em menos de meio
ano, a lembrança do meu pai tornou-se numa lembrança feliz.
O luto, como a vida, é uma coisa que passa. A
única coisa a reter em tudo isto é a lembrança.
Ir para o céu é passar para dentro dos corações
que ficaram em terra. Haverá paraíso mais bonito que viver dentro de quem
amámos e de quem nos amou?"
Miguel Esteves Cardoso
P.S: Só para vos confessar que não consigo ler o primeiro texto sem chorar... As saudades são gigantescas. É impossível não chorar... Tenho saudades da minha Mãe, tenho muitas saudades. Eu sei que ela mora no meu coração, como diz Miguel Esteves Cardoso, mas o que sinto é isso não chega. Queria tê-la aqui comigo.